sábado, 4 de julho de 2009

"Off The... Circus"



Essa pode ser mais um postagem oportunista sobre a morte de Michael Jackson. Cabe a quem lê julgar isso... No entanto, o principal argumento que posso apresentar para justificá-la dentro da proposta desse blog é que o músico, morto no último dia 25, é uma figura importantíssima de nosso tempo não apenas por seu trabalho, mas para ajudar a compreender a sociedade do espetáculo. O ponto infeliz é que não haveria momento mais oportuno para analisar sua trajetória pessoal e musical (as duas se confundem) do que partindo de sua morte.

Sim, como mencionado, quero falar de sua vida, também. Mas não sob uma ótica fútil, especulando sobre a quantidade de cirurgias plásticas às quais ele se submeteu ou se realmente foi culpado das acusações de pedofilia que sofreu na década de 90. Sua vida interessa por que não se pode dissociá-la de sua arte. A complexidade dessa relação é que interessa.

O que eu gostaria de colocar nessas linhas é que talvez Michael Jackson seja a figura simbólica mais representativa de dois pontos importantíssimos característicos de nossa época: primeiro, do que é a alienação de qualquer empreendimento humano à lógica do capital, qualquer que seja. Nesse caso específico, do que é a arte nos dias de hoje; de como ela não serve a seus próprios propósitos de representar o que a alma humana tem de mais puro (ou qualquer outra concepção que a ela se queira associar) sem que esteja submetida antes à lógica do lucro (ela é antes de tudo mercadoria, como se sabe...) e, segundo, do quanto nós, indivíduos, somos impedidos de sermos nós mesmos por essa mesma lógica.

Funcionamos dentro de um sistema de regras que aprisionam. Isso é fato. Em alguns casos, porém, a coisa pode tomar proporções realmente bizarras. No caso de Michael Jackson, sua vida tornou-se parte do show, do circo do capital. Ela foi consumida totalmente, convertida em espetáculo, e ele sofreu as consequências disso de maneira que poucos suportariam. Não é exagero afirmar que sua 'vida' (se ele a teve algum dia) acabou há muito tempo.

Michael Jackson foi um gênio musical. A afirmação é pouco contestada. Mas pode-se afirmar também com pouca ou nenhuma oposição que ele foi um personagem montado para fazer dinheiro. Analisando seu trabalho não há dúvidas de que sua música sempre esteve associada à qualidade, mas também é certo que era 'produzida' para vender, antes de mais nada.

Todos sabem ou tem idéia da revolução que ele provocou não só em termos de música contemporânea (dando contornos definitivos ao que se convencionou chamar de 'Música Pop'), mas especialmente na maneira de se comercializar essa música. Com ele, a 'música-mercadoria' alcançou um nível que não havia atingido nem na era dos Beatles (outros personagens que nunca vão esgotar o interesse em sua história e música).

Esse foi seu papel dentro da sociedade do capital. Assim ele funcionou como instrumento. E assim sua arte funcionou como instrumento... Nunca esteve dissociada da lógica de consumo, embora em alguns momentos ela realmente pareça ter surgido como uma expressão de sua verdade, acontecendo com extrema sinceridade. Isso eu acredito (e espero profundamente) que o capital não conseguiria dominar...

E quais as implicações dessa espetacularização de sua vida?

Gênio musical nato, ele se viu cercado de sanguessugas desde pequeno, a começar pelo seu próprio pai... O palco acabou se tornando o único lugar onde o garoto parecia encontrar sentido pra sua existência. Assim, a fantasia e a representação eram sua maneira de escapar da realidade que nunca apareceu para ele de outra forma senão como opressão. Resultado disso é que o sonho, a ilusão que o fazia se sentir seguro (ou menos desconfortável no mundo) provavelmente trouxeram cada vez mais fortes para sua vida a paranóia de viver um conto de fadas.

Mesmo sendo complicado de se definir o que seria "normalidade", e sem querer polemizar essa questão, poucos ou ninguém não concordaria que um ser humano submetido à rotina que ele enfrentou desde cedo não teria sua mente afetada. As extravagâncias diversas noticiadas a seu respeito são a prova disso...

Infelizmente sua morte é apenas mais um número do circo que dominou sua vida e ainda veremos cenas desse espetáculo grotesco em torno de sua figura por um bom tempo.

Mas a despeito do caráter dessa postagem, queria que ela fosse entendida como um tipo de homenagem a ele. É confuso o tipo de sentimento que sua história desperta (talvez algo entre admiração e pena), principalmente para um apaixonado por música que tenta entender também como funciona o mundo à sua volta...

Ficam também meus sinceros desejos que outros personagens vítimas da mesma situação não apareçam. Seria ótimo se a contribuição do episódio fosse nos levar a refletir sobre esse monstro que, se não criamos, certamente alimentamos todo dia. O monstro que transformou o muleque carismático que teria envelhecido com o rosto sorridente da foto acima na figura pálida, quase desfigurada, e sem alegria dos últimos anos do cantor...



O Sith

domingo, 28 de junho de 2009

Equilíbrio entre...

Equilíbrio entre: ser alegre, e não alegórico... Ser sincero, e não grosso... Ser firme nas idéias, e não arrogante... Ser humilde, e não submisso... Ser rápido, e não impreciso... Ser contente, não complacente... Ser despreocupado, e não descuidado... Ser amoroso, e não apegado... Ser pacífico, e não passivo... Ser disciplinado, e não rígido... Ser flexível, e não frouxo... Ser comunicativo, e não exagerado... Ser obediente, e não cego... Ser doce, e não melado... Ser moldável, e não tolo... Ser introspectivo, e não enclausurado... Ser determinado, e não teimoso... Ser corajoso, e não agressivo... Em tudo, é necessário equilíbrio...

(Autor Desconhecido)


O caminho é pelo meio...



O Sith