quinta-feira, 25 de dezembro de 2008

Eles Não Amam A Vida

Hoje assistimos algo absolutamente inédito e de extrema irracionalidade: a guerra contra a Terra. Sempre se faziam guerras entre exércitos, povos e nações. Agora, todos unidos, fazemos guerra contra Gaia: não deixamos um momento sem agredi-la, explorá-la até entregar todo seu sangue.

A busca de uma saída para a crise econômico-financeira mundial está cercada de riscos. O primeiro é que os países ricos busquem soluções que resolvam seus problemas, esquecendo do caráter interdependente de todas as economias. A inclusão dos países emergentes pouco significou, pois suas propostas mal foram consideradas. Prevaleceu ainda a lógica neoliberal que garante a parte leonina aos ricos.

O segundo é perder de vista as demais crises, a ecológica, a climática, a energética e a alimentar. Concentrar-se apenas na questão econômica, sem considerar as outras, é jogar com a insustentabilidade a médio prazo. Cabe recordar o que diz a Carta da Terra: "nossos desafios ambientais, econômicos, políticos, sociais e espirituais estão interligados e juntos podemos forjar soluções includentes" (Preâmbulo).

O terceiro risco, mais grave, consiste em apenas melhorar as regulações existentes em vez de buscar alternativas, com a ilusão de que o velho paradigma neoliberal teria ainda a capacidade de tornar criativo o caos atual.

O problema não é a Terra. Ela pode continuar sem nós e continuará. A magna quaesto, a questão maior, é o ser humano voraz e irresponsável que ama mais a morte que a vida, mais o lucro que a cooperação, mais seu bem estar individual que o bem geral de toda a comunidade de vida. Se os responsáveis pelas decisões globais não considerarem a inter-retro-dependência de todas estas questões e não forjarem uma coalizão de forças capaz de equacioná-las aí sim estaremos literalmente perdidos.

Na verdade, se houvesse um mínimo de bom senso, a solução do cataclismo econômico e dos principais problemas infra-estruturais da humanidade seria encontrada. Basta proceder a um amplo e geral desarmamento já que não há confrontos entre potências militares. A construção de armas, propiciada pelo complexo industrial-militar, é a segunda maior fonte de lucro do capital. O orçamento militar mundial é da ordem de um trilhão e cem bilhões de dólares/ano. Já se gastaram somente no Iraque dois trilhões de dólares. Para este ano, o governo norte-americano encomendou armas no valor de um trilhão e meio de dólares.

Estudos de organismos de paz revelaram que com 24 bilhões de dólares/ano - apenas 2,6% do orçamento militar total - poder-se-ia reduzir pela metade a fome do mundo. Com 12 bilhões - 1,3% do referido orçamento - poder-se-ia garantir a saúde reprodutiva de todas as mulheres da Terra.

Com grande coragem, o atual Presidente da Assembléia da ONU, o padre nicaragüense Miguel d'Escoto, denunciava em seu discurso inaugural em meados de outubro: existem aproximadamente 31.000 ogivas nucleares em depósitos, 13.000 distribuidas em vários lugares no mundo e 4.600 em estado de alerta máximo, quer dizer, prontas para serem lançadas em poucos minutos.

A força destrutiva destas armas é aproximadamente de 5.000 megatons, força que é 200.000 vezes mais avassaladora que a bomba lançada sobre Hiroshima. Somadas com as armas químicas e biológicas, pode-se destruir por 25 formas diferentes toda a espécie humana. Postular o desarmamento não é ingenuidade, é ser racional e garantir a vida que ama a vida e que foge da morte. Aqui se ama a morte.

Só este fato mostra que a atual humanidade é feita, em grande parte, por gente irracional, violenta, obtusa, inimiga da vida e de si mesma. A natureza da guerra moderna mudou substancialmente. Outrora "morria quem ia para a guerra". Agora não, as principais vítimas são civis. De cada 100 mortos em guerra, 7 são soldados, 93 são civis, dos quais 34, crianças.

Na guerra do Iraque já morreram 650.00 civis e apenas cerca de 3.000 soldados aliados. Hoje assistimos algo absolutamente inédito e de extrema irracionalidade: a guerra contra a Terra. Sempre se faziam guerras entre exércitos, povos e nações. Agora, todos unidos, fazemos guerra contra Gaia: não deixamos um momento sem agredi-la, explorá-la até entregar todo seu sangue. E ainda invocamos a legitimação divina para o nosso crime, pois cumprimos o mandato: "multiplicai-vos, enchei e subjugai a Terra"(Gen 1,28).

Se assim é, para onde vamos? Não para o reino da vida.

* Leonardo Boff é teólogo e escritor.

Retirado do site da 'Carta Maior' - www.cartamaior.com.br


O Sith

domingo, 7 de dezembro de 2008

Terráqueos (Earthlings) - 2003



Documentário realizado por Shaun Monson mostrando de maneira lúcida nossa irracional relação com os animais; a maneira como ainda nos colocamos como o centro do universo mesmo sem (em boa parte das vezes) nos darmos conta.

Narrado por Joaquin Phoenix (Gladiador, Johhny & June) e com trilha do Moby.

Link:



O Sith

segunda-feira, 3 de novembro de 2008

Envelhecer para Rejuvenescer*

"Envelheci,
tenho muita infância pela frente"

(Fabrício Carpinejar)



* = título da postagem, não do texto.


O Sith

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Entendendo o Mercado de Ações

Uma vez, num vilarejo do interior, apareceu um homem anunciando aos aldeões que compraria burros por R$10,00 cada. Os aldeões sabendo que havia muitos burros na região, iniciaram a caça. O homem comprou centenas de burros a R$10,00 e então os aldeões diminuíram seus esforços. Aí, o homem anunciou que agora pagaria R$20,00 porcada burro e os aldeões renovaram seus esforços e foram de novo à caça.

Logo, os burros foram acabando e os aldeões desistindo da busca. A oferta aumentou para R$25,00 e a quantidade de burros ficou tão pequena que já não havia mais interesse na caça. O homem então anunciou que agora compraria cada burro por R$50,00!

Entretanto, como iria à cidade grande, deixaria seu assistente cuidando da compra dos burros.
Na ausência do homem, seu assistente disse aos aldeões: ?Estão vendo todos estes burros que o homem comprou de vocês?. Eu posso vendê-los para vocês por R$35,00 e quando o homem voltar, vocês podem vender para ele por R$50,00 cada?.

Os aldeões, espertos, pegaram todas as suas economias e compraram todos os burros do assistente. Eles nunca mais viram o homem ou seu assistente, somente burros por todos os lados.

Agora você entendeu como funciona o mercado de ações!


Texto extraído do site Mídia Independente - www.midiaindependente.org


O Sith

Diante da Lei (Franz Kafka)


Diante da Lei está um guarda. Vem um homem do campo e pede para entrar na Lei. Mas o guarda diz-lhe que, por enquanto, não pode autorizar-lhe a entrada. O homem considera e pergunta depois se poderá entrar mais tarde. - "É possível" - diz o guarda. - "Mas não agora!". O guarda afasta-se então da porta da Lei, aberta como sempre, e o homem curva-se para olhar lá dentro. Ao ver tal, o guarda ri-se e diz: - "Se tanto te atrai, experimenta entrar, apesar da minha proibição. Contudo, repara: sou forte. E ainda assim sou o último dos guardas. De sala para sala estão guardas cada vez mais fortes, de tal modo que não posso sequer suportar o olhar do terceiro depois de mim”..

O homem do campo não esperava tantas dificuldades. A Lei havia de ser acessível a toda a gente e sempre, pensa ele. Mas, ao olhar o guarda envolvido no seu casaco forrado de peles, o nariz agudo, a barba à tártaro, longa, delgada e negra, prefere esperar até que lhe seja concedida licença para entrar. O guarda dá-lhe uma banqueta e manda-o sentar ao pé da porta, um pouco desviado. Ali fica, dias e anos. Faz diversas diligências para entrar e com as suas súplicas acaba por cansar o guarda. Este faz-lhe, de vez em quando, pequenos interrogatórios, perguntando-lhe pela pátria e por muitas outras coisas, mas são perguntas lançadas com indiferença, à semelhança dos grandes senhores, no fim, acaba sempre por dizer que não pode ainda deixá-lo entrar.O homem, que se provera bem para a viagem, emprega todos os meios custosos para subornar o guarda. Esse aceita tudo, mas diz sempre: - "Aceito apenas para que te convenças que nada omitiste".

Durante anos seguidos, quase ininterruptamente, o homem observa o guarda. Esquece os outros e aquele afigura-se-lhe o único obstáculo à entrada na Lei. Nos primeiros anos diz mal da sua sorte, em alto e bom som e depois, ao envelhecer, limita-se a resmungar entre dentes. Torna-se infantil, e como ao fim de tanto examinar o guarda durante anos lhe conhece até as pulgas das peles que ele veste, pede também às pulgas que o ajudem a demover o guarda. Por fim, enfraquece-lhe a vista e acaba por não saber se está escuro em seu redor ou se os olhos o enganam. Mas ainda apercebe, no meio da escuridão, um clarão que eternamente cintila por sobre a porta da Lei. Agora a morte está próxima.

Antes de morrer, acumulam-se na sua cabeça as experiências de tantos anos, que vão todas culminar numa pergunta que ainda não fez ao guarda. Faz-lhe um pequeno sinal, pois não pode mover o seu corpo já arrefecido. O guarda da porta tem de se inclinar até muito baixo porque a diferença de alturas acentuou-se ainda mais em detrimento do homem do campo. - "Que queres tu saber ainda?", pergunta o guarda. - "És insaciável".

- "Se todos aspiram a Lei", disse o homem. - "Como é que, durante todos esses anos, ninguém mais, senão eu, pediu para entrar?". O guarda da porta, apercebendo-se de que o homem estava no fim, grita-lhe ao ouvido quase inerte: - "Aqui ninguém mais, senão tu, podia entrar, porque só para ti era feita esta porta. Agora vou-me embora e fecho-a".


Ras Neto Burn

domingo, 12 de outubro de 2008

O Espetáculo da Explosão de Bolhas de Sabão

No artigo 'Quem Leu o Capital?', postado em seu blog no último dia 08, o Jornalista Jorge Félix mostrou a seguinte passagem extraída do famoso e desconhecido (!) livro de Marx, mais precisamente um trecho presente no Livro 3, Capítulo 30 (Capital-Dinheiro e Capital-Efetivo), que elucida bem (já que a grande mídia não tem interesse em fazer isso) as causas gerais da crise financeira de nossos dias:

"Em um sistema de produção em que toda a trama do processo de reprodução repousa sobre o crédito, quando este cessa repentinamente e somente se admitem pagamentos em dinheiro, tem que produzir-se imediatamente uma crise, uma demanda forte e atropelada dos meios de pagamento.

Por isso, à primeira vista, a crise aparece como uma simples crise de crédito e de dinheiro líquido. E, em realidade, trata-se somente da conversão de letras de câmbio em dinheiro. Mas essas letras representam, em sua maioria, as compras e vendas reais, as quais, ao sentirem necessidade de expandir-se amplamente, acabam servindo de base a toda a crise.

Mas, ao lado disto, há uma massa enorme dessas letras que só representam negócios de especulação, que agora se desnudam e explodem como bolhas de sabão, ademais, especulações sobre capitais alheios, mas fracassadas; finalmente, capitais-mercadorias desvalorizados ou até encalhados, ou um refluxo de capital já realizável. E todo esse sistema artificial de extensão violenta do processo de reprodução não pode corrigir-se, naturalmente. (...)"

Minha análise pessoal da crise (se, como aluno de graduação do curso de Economia, tenho conhecimento suficiente pra fazer isso) seria a seguinte: estamos num período de extrema turbulência que nos coloca frente a riquíssimas possibilidades de avanço, mas de retrocesso também...

Quando a bolsa de Nova York teve sua quebra em 1929, o país e o mundo mergulharam num período de 10 anos de recessão que teve um "salvador": a 2ª Grande Guerra. Importante lembrar que haviam muito poucas direções conhecidas contrárias ao sistema capitalista que poderiam nortear novos rumos e que também ainda vivia-se um modo mais atrasado de Democracia e, principalmente, de Diplomacia, o que significa dizer que para se invadir um país em busca de riquezas ou promover destruição (um dos pilares em que se apoia o crescimento do Capital), o discurso para tal não precisava ser tão disfarçado como agora (acusações da existência de armas de destruição em massa, no caso da invasão e destruição do Iraque).

O pensamento do professor Immanuel Wallerstein não deve ser refutado, mas a possibilidade de outras guerras imbecis simplesmente a custo de promover novas formas de movimentação de capital e realavancar o sistema de crédito (-especulativo) ainda é bastante considerável. É um momento importante para descobrirmos o alcance da força das nova mentalidade que vem surgindo.


O Sith

Crisis II

Marx via nas crises financeiras os momentos dramáticos em que o proletariado reuniria forças para conquistar o poder e iniciar a construção do socialismo. Tal perspectiva parece distante, 125 anos após sua morte. A China, que se converteu na grande fábrica do mundo, é governada por um partido comunista. Mas, longe de ameaçarem o capitalismo, tanto os dirigentes quanto o proletariado chinês empenham-se em conquistar um lugar ao sol, na luta por poder e riqueza que a lógica do sistema estimula permanentemente.

Ao invés de disputar poder e riqueza com os capitalistas, não será possível desafiar sua lógica? O sociólogo Immanuel Wallerstein, uma espécie de profeta do declínio norte-americano, defendeu esta hipótese corajosamente no Fórum Social Mundial de 2003 - quando George Bush preparava-se para invadir o Iraque e muitos acreditavam na perenidade do poder imperial dos EUA. Em outro artigo, publicado recentemente no Le Monde Diplomatique Brasil, Wallerstein sugere que a crise tornará o futuro imediato turbulento e perigoso. Mas destaca que certas conquistas sociais das últimas décadas criaram uma perspectiva de democracia ampliada, algo que pode servir de inspiração para caminhar politicamente em meio às tempestades. Refere-se à noção segundo a qual os direitos sociais são um valor mais importante que os lucros e a acumulação privada de riquezas. Vê nos sistemas públicos (e, em muitos países, igualitários) de Saúde, Educação e Previdência algo que pode ser multiplicado, e que gera relações sociais anti-sistêmicas. Se a lógica da garantia universal a uma vida digna puder ser ampliada incessantemente; se todos tivermos direito, por exemplo, a viajar pelo mundo, a sermos produtores culturais independentes e a terapias (anti-)psicanalíticas, quem se preocupará em acumular dinheiro?

O neoliberalismo foi possível porque, no pós-II Guerra, certos pensadores atreveram-se a desafiar os paradigmas reinantes e a pensar uma contra-utopia. Num tempo em que o capitalismo, sob ameaça, estava disposto a fazer grandes concessões, intelectuais como o austríaco Friederich Hayek articularam, na chamada Sociedade Mont Pelerin, a reafirmação dos valores do sistema. Seus objetivos parecem hoje desprezíveis, mas sua coragem foi admirável. Eles demonstraram que há espaço, em todas as épocas, para enfrentar as certezas em vigor e pensar futuros alternativos. Não será o momento de construir um novo pós-capitalismo?



texto completo: http://diplo.uol.com.br/2008-10,a2623


rasnetoburn

terça-feira, 30 de setembro de 2008

Resistindo Ao Choque

A jornalista e ativista canadense Naomi Klein analisa o novo estágio do capitalismo pós-11 de setembro: a privatização do desastre.

Obs: de funtamental importância para compreenssão da crise econômica que assola o mundo. À seguir trechos da entrevista concedida à revista Cult e logo no final um link para fazer o download da entrevista na íntegra.
download da entrevista na íntegra:
http://www.4shared.com/file/65081752/db570b1d/Naomi_Klein_Resistindo_ao_choque_-_entrevista.html?dirPwdVerified=3c7130d1

rasnetoburn

sábado, 13 de setembro de 2008

CÂNTICO NEGRO – JOSÉ RÉGIO

"Vem por aqui" - dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...

A minha glória é esta:
Criar desumanidade!
Não acompanhar ninguém.
- Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre a minha mãe

Não, não vou por aí! Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...

Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?

Prefiro escorregar nos becos lamacentos,
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...

Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.

Como, pois sereis vós
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...

Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tectos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...

Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém.
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.

Ah, que ninguém me dê piedosas intenções!
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou.
É uma onda que se alevantou.
É um átomo a mais que se animou...
Não sei por onde vou,
Não sei para onde vou
- Sei que não vou por aí!

José Régio


rasnetoburn

quinta-feira, 11 de setembro de 2008

11 de Setembro - Dia do Cerrado

Algumas fotos tiradas durante a minha caminhada no Parque dos Pirineus, Cerrado Goiano.










Sobre o dia do cerrado Leia aqui


rasnetoburn

domingo, 7 de setembro de 2008

Exposição em Belo Horizonte

A Amarelinha :
O Céu e o Inferno numa Visão Infantil
Juan Fiorini e Camila
Adiado para:
12/10 a 31/10
Belo Horizonte - MG

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

A Rebeldia do Transformado

As pessoas têm muito medo daqueles que passaram a conhecer a si mesmos e que construíram para si próprios uma nova realidade. Estes têm um certo poder, uma certa aura, um certo magnetismo e deles emanam campos de força capazes de fascinar os jovens, ainda cheios de vida, e libertá-los do seu aprisionamento tradicional.

Para os governos estas pessoas se tornam muito perigosas.

O homem iluminado não pode ser escravizado - este é o problema - e não pode ser feito prisioneiro. Todo gênio que tenha conhecido um pouco da sua essência está fadado a ser tornar um indivíduo difícil de ser absorvido: ele deverá ser uma força perturbadora.

As massas não querem ser perturbadas, ainda que se encontrem na miséria; estão na miséria, mas estão acostumadas com isso, e qualquer um que não seja um miserável parece um estranho, um soberbo.

E os políticos mantém os miseráveis na miséria em que se encontram para poder afastá-los de suas verdades e, assim, controlá-los.

O homem iluminado é o maior forasteiro do mundo; ele parece não pertencer a ninguém. Nenhuma organização consegue confiná-lo, nenhuma comunidade, nenhuma sociedade, nenhuma nação.

Ele é senhor do seu próprio destino. Ele se tornou um sol, e dele emana uma luz produzida por sua própria verdade, arduamente conquistada.

Rico ou pobre, o transformado é um rebelde que se tornou de fato um imperador, porque quebrou as correntes criadas pelo seu conjunto de crenças inconscientes original e pelas opiniões da sociedade. Ele migrou para uma nova bolha de existência e nela construiu uma nova realidade para si mesmo. Abraçou todas as cores do arco-íris, aflorando das raízes obscuras e amorfas do seu passado inconsciente, e criou asas para voar para o céu, passando a ter o Universo como um grande e carinhoso parceiro seu.

Dentro da sua nova maneira de existir se tornou um rebelde, não porque tenha passado a lutar contra alguém ou contra qualquer coisa mas, porque descobriu a sua própria natureza verdadeira e se determinou a viver de acordo com ela.

A águia é o animal com o qual ele passou a se identificar espiritualmente, tornando-se um mensageiro entre a terra e o céu.

A rebeldia do transformado nos desafia a ser suficientemente corajosos para assumir a responsabilidade por quem somos, e para viver a nossa verdade, pois somente assim poderemos viver um estado democrático de verdade.


Texto do numerólogo Gilson Chveid Oen retirado de sua página pessoal: http://www.gilsonchveidoen.com.br/



O Sith

segunda-feira, 25 de agosto de 2008

"O Mistério do Samba"

O que é arte?

De uns tempos pra cá perdeu-se a noção da verdadeira arte, aquela que se confunde com a vida das pessoas. Que dá sentido e amplifica essa vida, pois é feita sobre ela e para ela; não funciona como simples entretenimento.... Mercadoria...

Alguns personagens maravilhosos ainda estão por aí afora pra não deixar essa verdade sumir... "O Mistério do Samba" é sobre essa verdade.



Realizado por Carolina Jabor e Lula Buarque de Hollanda, o documentário retrata a história dos integrantes da Velha Guarda da Portela e seu cotidiano "comum" que se confunde com o mundo mágico do Samba.



Mais informações em: www.omisteriodosamba.com.br


O Sith

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

O Que É Um Escritor Marginal ?

Raymundo Silveira

Até ontem à noite eu não sabia o que significava a expressão "escritor marginal" e graças (ou desgraças) a essa ignorância, propendia a encará-la com uma certa reserva. Quanta falta faz um mínimo de informação, Deus meu! Uma luz se fez na minha consciência depois que li um artigo nesta bendita Internet e hoje acordei pensando assim: "Quando eu crescer, e deixar de ser um escrevinhador, tudo o que quero ser nesta vida é precisamente um escritor marginal". O homem que me tirou das trevas e iluminou a minha consciência se chama Ezio Flavio Bazzo. O título do artigo escrito por ele é "O Mito do Escritor Marginal" e se trata de uma Palestra feita na UnB - Universidade de Brasília - a convite dos alunos de Psicologia.

De acordo com ele, a expressão é antiqüíssima. Retroage ao século XVIII. Teria sido uma pecha que os editores daquela época assacavam, com propósitos puramente econômicos, contra os autores que preferiam publicar, por conta própria, as sua obras literárias ou científicas. E ainda hoje permanece porque determinados escritores insistem, apesar das inconveniências, em continuarem situados à margem da indústria editorial convencional, sem nenhum estatuto, sem nenhuma lei, sem qualquer entrave de natureza burocrática. Seriam espécies de escritores virtuais, emergentes ou cibernéticos, destes que escrevem (ou escrevinham) na Internet. Ou seja, de repente descobri que sou, não exatamente um escritor, mas um escrevinhador marginal. Quanta honra! Mesmo o autor tendo declarado peremptoriamente que esta gangue se encontra do outro lado da cerca de arame farpado "pois tudo neste planeta beato conspira" para que os escritores marginais sejam terminantemente jogados no lixo ou cooptados pelo establishment cultural, repito: "Quanta honra!"

Contudo, como não sou de atirar palavras ao vento, irei tentar explicar o porquê desta deferência. Em primeiro lugar porque sempre fui uma pessoa que tentou ser livre. Que toda vida costumou dizer o que tem vontade independentemente da vontade das outras pessoas. Um fulano qualquer que nunca abdicou da sua liberdade em troca de benesses de quaisquer espécies. Que toda vida possuiu dignidade e independência para não se submeter aos poderosos, aos donos das suas verdades e candidatos a donos das verdades alheias. A altivez para entrar onde quiser e sair de onde quiser sem deixar para trás o rastro vil da subserviência. Em suma: uma alimária sem cabresto.

Depois, porque me vejo lutando (ou lutei e jamais consegui) a fim de estar acompanhado de gente que admiro. Embora o autor faça restrições a algumas dessas pessoas em virtude de haverem se comportado ambiguamente em relação à marginalidade, porque teriam se deixado cooptar pelo sistema - e neste ponto discordo dele, pois nesta jornada acidentada que é a vida, nunca somos imutáveis -, foram considerados escritores marginais nada menos do que os seguintes nomes: Rimbaud, Baudelaire, Balzac, Lima Barreto, Gregório de Matos, Leminski, Jean Genet, Samuel Rawets, e Plínio Marcos entre outros gênios da literatura. Para falar a verdade, confesso que quando vi esta listagem achei que seria até muita pretensão da minha parte querer ser (mesmo quando crescer) um escritor marginal. Daria-me por muito feliz, satisfeito, realizado se fosse considerado pelo menos um escrivão, um escrevente, um escriturário, um escriba ou até mesmo um fariseu. Contanto que fosse marginal.

(21/08/2004)

link original: http://www.gargantadaserpente.com/artigos/raymundo2.shtml


por rasnetoburn

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

O Mestre na Casa da Mente (Prólogo)

"Vivemos em uma época perigosa. O homem dominou a natureza antes de ter aprendido a dominar-se a si mesmo." (Albert Schweitzer)


Vale pra você?!








































































- Tem certeza que não?


O Sith

sábado, 16 de agosto de 2008

Software Livre em Discussão - Fortaleza/CE


Pra moçada de Fortaleza:

Será de 19 a 23 de agosto, no Campus do Pici, da UFC, o Congresso Estadual de Software Livre Ceará (CESoL-CE).

"Cultura Livre e Difusão do Conhecimento" é o tema desta edição do evento, que vai oferecer aos participantes uma ampla programação de palestras, mesas-redondas, minicursos e outras atividades.

Entre os destaques do CESoL-CE está a realização do I Encontro Cearense de Educação e Inclusão Digital com Software Livre, que objetiva reunir estudantes, educadores e entusiastas do uso educacional dos softwares livres em cinco dias de debates, palestras e oficinas destacando a questão ética e colaborativa em torno da utilização dessas ferramentas. O evento contará ainda com uma Tenda de Inclusão Digital, na qual os participantes poderão discutir sobre o papel dos softwares livres nesse pro-cesso e participar de oficinas, e com o Espaço Educacional, onde serão apresentados trabalhos envolvendo a área da Educação.

Com o objetivo de gerar conteúdo e estimular a criatividade dos participantes do CESoL, a Tenda de Inclusão Digital vai disponibilizar computadores conectados à Internet e espaços para a realização de debates e oficinas gratuitas. A programação da Tenda será feita sob demanda, ou seja, a grade inicial formulada pelo Projeto Casa Brasil poderá receber novas atividades. Para isto, o participante interessado em realizar debate ou apresentar oficina deve procurar o coordenador da Tenda e se inscrever nos horários disponíveis.

Durante o Encontro, a organização também disponibilizará um laboratório com diversos softwares livres educacionais, ambiente que servirá para realização de experiências e troca de idéias. O espaço contará com a presença de um dos coordenadores do projeto Software Livre Educacional, Frederico Guimarães. Mais informações sobre o CESoL-CE podem ser obtidas no site: www.cesol.ufc.br .

Fonte: Roberto Freitas Parente, da Comissão Organizadora - (fone: 85 9618 9926)


Notícia retirada do site da Universidade Federal do Ceará - http://www.ufc.br/


O Sith

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

A revoluÇÃo É uma estetyka

A única opção do intelectual do mundo subdesenvolvido entre ser um "esteta do absurdo" ou um "nacionalista romântico" é a cultura revolucionaria. Como poderá o intelectual do mundo subdesenvolvido superar suas alienações e contradições e atingir uma lucidez revolucionária? Através do exame crítico de uma produção reflexiva sobre dois temas justapostos:


– O subdesenvolvimento e sua cultura primitiva

– O desenvolvimento e a influência colonial de uma cultura sobre o mundo subdesenvolvido.

Os valores da cultura monárquica e burguesa do mundo desenvolvido devem ser criticados em seu próprio contexto e em seguida transportar em instrumentos de aplicação úteis à compreensão do subdesenvolvimento.
A cultura colonial informa o colonizado sobre sua própria condição.
O auto-conhecimento total deve provocar em seguida uma atitude anti-colonial, isto é, negação da cultura colonial e do elemento inconsciente da cultura nacional, erradamente considerados valores pela tradição nacionalista. Deste violento processo dialético da informação, análise e negação, surgirão duas formas concretas de uma cultura revolucionária:

a didática/épica
a épica/didática

A didática e a épica devem funcionar simultaneamente no processo
revolucionário:

A didática: alfabetizar, informar, educar, conscientizar as massas ignorantes,
as classes médias alienadas
A épica: provocar o estimulo revolucionário.

A didática será científica.
A épica será pratica poética, que terá de ser revolucionária do ponto de vista estético para que projete revolucionariamente seu objetivo ético. Demonstrará a realidade subdesenvolvida, dominada pelo Complexo de impotência intelectual, pela admiração inconsciente de cultura colonial, a sua própria possibilidade de superar, pela prática revolucionária, a esterilidade criativa.
A épica, precedendo e se processando revolucionariamente, estabelece a
revolução como cultura natural.
Arte passa a ser, pois, revolução.
Neste instante, a cultura passa a ser norma, no instante em que a revolução é
uma nova prática no mundo intelectualizado.
A didática sem a épica gera a informação estéril e degenera em consciência
passiva nas massas e em boa consciência nos intelectuais.
É inofensiva.
A épica sem didática gera o romantismo moralista e degenera em demagogia
histérica.
É totalitária.
A nova cultura revolucionária, revolução em si no momento em que criar é revolucionar, em que criar é agir tanto no campo da arte quanto no campo político e militar é o resultado de uma revolução cultural-histórica concretizando-se, no mesmo complexo, História e Cultura.
O objetivo infinito da liberação revolucionária é proporcionar ao homem uma capacidade cada vez maior de produzir seus materiais e utilizá-los segundo um profundo desenvolvimento mental.
A revolução elevará a sociedade subdesenvolvida à categoria desenvolvida e aí surgirá uma nova necessidade: a ação desmitificadora dos nacionalismos culturais, a ação civilizadora contra mitos e tradições conservadoras; a ação substituta de valores integrais da colaboração humana, a que se limita pelas remanescências do falho significado burguês da individualidade.
O sentimento de colaboração humana renova e revela uma nova categoria de individuo, mas é necessário para isto que a velha cultura seja revolucionária. Neste estágio, a épica didática necessita do instrumental científico psico-analítico a fim de fazer de cada homem um criador que, de posse consciente e informada de todos seus instrumentos mentais, possa fazer a revolução das massas criadoras.

http://www.tempoglauber.com.br/t_revolucao.html

Desculpas...

Queria pedir a todos desculpa pela demora em postar algo novo!!! Devido a mudanças bruscas na rotina, coisa que todos estamos sujeitos, estamos demorando para atualizar o blog!! mas em breve tudo estará voltando ao normal!!!


RasNetoBurn

quarta-feira, 30 de julho de 2008

Um Estranho no Ninho



"Em tom de comédia macabra, o filme pretende ser um grito à liberdade do indivíduo diante da opressão, uma forma diferente de apresentar a velha luta tantas vezes explorada pelo cinema: Homem contra Sistema. O enredo é altamente eficaz em retratar o sanatório, o uso de drogas, os eletrochoques e a lobotomia como métodos de repressão ao livre-arbítrio humano. Numa época em que a crença é a submissão, o desempenho de Nicholson vence e prevalece enquanto representação do espírito purificador, que vez em quando, aparece para nos renovar."

Completo: http://spoilermovies.com/2008/02/06/um-estranho-no-ninho/

quarta-feira, 23 de julho de 2008

Adorno e a Indústria Cultural

A Indústria Cultural impede a formação de indivíduos autônomos, independentes, capazes de julgar e de decidir conscientemente.Com as palavras do próprio Adorno, podemos compreender o porque das suas reflexões acerca desse tema.

Theodor Wiesengrund-Adorno, em parceria com outros filósofos contemporâneos, estão inseridos num trabalho muito árduo: pensar filosoficamente a realidade vigente. A realidade em que vivia estava sofrendo várias transformações, principalmente, na dimensão econômica. O Comércio tinha se fortalecido após as revoluções industriais, ocorridas na Europa e, com isso, o Capitalismo havia se fortalecido definitivamente, principalmente, com as novas descobertas cientificas e, conseqüentemente, com o avanço tecnológico. O homem havia perdido a sua autonomia. Em conseqüência disso, a humanidade estava cada vez mais se tornando desumanizada. Em outras palavras, poderíamos dizer que o nosso caro filósofo contemplava uma geração de homens doentes, talvez gravemente. O domínio da razão humana, que no Iluminismo era como uma doutrina, passou a dar lugar para o domínio da razão técnica. Os valores humanos haviam sido deixados de lado em troca do interesse econômico. O que passou a reger a sociedade foi a lei do mercado, e com isso, quem conseguisse acompanhar esse ritmo e essa ideologia de vida, talvez, conseguiria sobreviver; aquele que não conseguisse acompanhar esse ritmo e essa ideologia de vida ficava a mercê dos dias e do tempo, isto é, seria jogado à margem da sociedade. Nessa corrida pelo ter, nasce o individualismo, que, segundo o nosso filósofo, é o fruto de toda essa Indústria Cultural.

Segundo Adorno, na Indústria Cultural, tudo se torna negócio. Enquanto negócios, seus fins comerciais são realizados por meio de sistemática e programada exploração de bens considerados culturais. Um exemplo disso, dirá ele, é o cinema. O que antes era um mecanismo de lazer, ou seja, uma arte, agora se tornou um meio eficaz de manipulação. Portanto, podemos dizer que a Indústria Cultural traz consigo todos os elementos característicos do mundo industrial moderno e nele exerce um papel especifico, qual seja, o de portadora da ideologia dominante, a qual outorga sentido a todo o sistema.

É importante salientar que, para Adorno, o homem, nessa Indústria Cultural, não passa de mero instrumento de trabalho e de consumo, ou seja, objeto. O homem é tão bem manipulado e ideologizado que até mesmo o seu lazer se torna uma extensão do trabalho. Portanto, o homem ganha um coração-máquina. Tudo que ele fará, fará segundo o seu coração-máquina, isto é, segundo a ideologia dominante. A Indústria Cultura, que tem com guia a racionalidade técnica esclarecida, prepara as mentes para um esquematismo que é oferecido pela indústria da cultura – que aparece para os seus usuários como um “conselho de quem entende”. O consumidor não precisa se dar ao trabalho de pensar, é só escolher. É a lógica do clichê. Esquemas prontos que podem ser empregados indiscriminadamente só tendo como única condição a aplicação ao fim a que se destinam. Nada escapa a voracidade da Indústria Cultural. Toda vida torna-se replicante. Dizem os autores:

Ultrapassando de longe o teatro de ilusões, o filme não deixa mais à fantasia e ao pensamento dos espectadores nenhuma dimensão na qual estes possam, sem perder o fio, passear e divagar no quadro da obra fílmica permanecendo, no entanto, livres do controle de seus dados exatos, e é assim precisamente que o filme adestra o espectador entregue a ele para se identificar imediatamente com a realidade. Atualmente, a atrofia da imaginação e da espontaneidade do consumidor cultural não precisa ser reduzida a mecanismos psicológicos. Os próprios produtos (...) paralisam essas capacidade em virtude de sua própria constituição objetiva (ADORNO & HORKHEIMER, 1997:119).

Fica claro portanto a grande intenção da Indústria Cultural: obscurecer a percepção de todas as pessoas, principalmente, daqueles que são formadores de opinião. Ela é a própria ideologia. Os valores passam a ser regidos por ela. Até mesmo a felicidade do individuo é influenciada e condicionada por essa cultura. Na Dialética do Esclarecimento, Adorno e Horkheimer exemplificam este fato através do episódio das Sereias da epopéia homérica. Ulisses preocupado com o encantamento produzido pelo canto das sereias tampa com cera os ouvidos da tripulação de sua nau. Ao mesmo tempo, o comandante Ulisses, ordena que o amarrem ao mastro para que, mesmo ouvindo o cântico sedutor, possa enfrentá-lo sem sucumbir à tentação das sereias. Assim, a respeito de Ulisses, dizem os autores:


O escutado não tem conseqüências para ele que pode apenas acenar com a cabeça para que o soltem, porém tarde demais: os companheiros, que não podem escutar, sabem apenas do perigo do canto, não da sua beleza, e deixam-no atado ao mastro para salvar a ele e a si próprios. Eles reproduzem a vida do opressor ao mesmo tempo que a sua própria vida e ele não pode mais fugir a seu papel social. Os vínculos pelos quais ele é irrevogavelmente acorrentado à práxis ao mesmo tempo guardam as sereias à distância da práxis: sua tentação é neutralizada em puro objeto de contemplação, em arte. O acorrentado assiste a um concerto escutando imóvel, como fará o público de um concerto, e seu grito apaixonado pela liberação perde-se num aplauso. Assim o prazer artístico e o trabalho manual se separam na despedida do antemundo. A epopéia já contém a teoria correta. Os bens culturais estão em exata correlação com o trabalho comandado e os dois se fundamentam na inelutável coação à dominação social sobre a natureza (ADORNO & HORKHEIMER, 1997:45).


É importante frisar que a grande força da Indústria Cultural se verifica em proporcionar ao homem necessidades. Mas, não aquelas necessidades básicas para se viver dignamente (casa, comida, lazer, educação, e assim por diante) e, sim, as necessidades do sistema vigente (consumir incessantemente). Com isso, o consumidor viverá sempre insatisfeito, querendo, constantemente, consumir e o campo de consumo se torna cada vez maior. Tal dominação, como diz Max Jimeenez, comentador de Adorno, tem sua mola motora no desejo de posse constantemente renovado pelo progresso técnico e científico, e sabiamente controlado pela Indústria Cultural. Nesse sentido, o universo social, além de configurar-se como um universo de “coisas” constituiria um espaço hermeticamente fechado. E, assim, todas as tentativas de se livrar desse engodo estão condenadas ao fracasso. Mas, a visão “pessimista” da realidade é passada pela ideologia dominando, e não por Adorno. Para ele, existe uma saída, e esta, encontra-se na própria cultura do homem: a limitação do sistema e a estética.

Na Teoria Estética, obra que Adorno tentará explanar seus pensamentos sobre a salvação do homem, dirá ele que não adiante combater o mal com o próprio mal. Exemplo disso, ocorreram no nazismo e em outras guerras. Segundo ele, a antítese mais viável da sociedade selvagem é a arte. A arte, para ele, é que liberta o homem das amarras dos sistemas e o coloca com um ser autônomo, e, portanto, um ser humano. Enquanto para a Indústria Cultural o homem é mero objeto de trabalho e consumo, na arte é um ser livre para pensar, sentir e agir. A arte é como se fosse algo perfeito diante da realidade imperfeita. Além disso, para Adorno, a Indústria Cultural não pode ser pensada de maneira absoluta: ela possui uma origem histórica e, portanto, pode desaparecer.

Por fim, podemos dizer que Adorno foi um filósofo que conseguiu interpretar o mundo em que viveu, sem cair num pessimismo. Ele pôde vivenciar e apreender as amarras da ideologia vigente, encontrando dentro dela o próprio antídoto: a arte e a limitação da própria Indústria Cultural. Portanto, os remédios contra as imperfeições humanas estão inseridos na própria história da humanidade. É preciso que esses remédios cheguem a consciência de todos (a filosofia tem essa finalidade), pois, só assim, é que conseguiremos um mundo humano e sadio.

Texto do filósofo Daniel Ribeiro da Silva publicado no site da Revista Urutágua.

Ras Neto Burn!

sexta-feira, 18 de julho de 2008

Àmérica



(à propósito de introdução num outro projeto)

Rei I.

Esquecemos dos nossos avós,
Dos nossos bisavós
De todos os antepassados,
Nós esquecemos da terra
O sol torna árido o solo,
O esquecimento salga
A América

Quem mata as raízes
Não sabe por que
Aprisiona seus irmãos
Não sabe por que o rio seca
Por que alguns gritam a hora da ação

- Mas como foram prender nossos irmãos? -
Revoltam-se indignados
De repente acordados
Gritando vazios
Temas de revolução

Não amigos
Sei que perdemos tempo
Nos vemos sem casa perdidos ao relento
Esperem amigos:

Uma coisa faz-se necessária
À nossa nova idéia de revolução
Destruir a falha, fraca, insossa noção de Pátria
E fazer da América uma só Nação!

Ras Neto Burn

quinta-feira, 17 de julho de 2008

Trechos de Entrevista Com Milton Santos



Assista a sequência da entrevista do Geógrafo, Cientista Social, Poeta, Crítico da Sociedade de Consumo Milton Santos concedida ao programa Conexão Roberto Dávila em 1998 nos links:

http://www.youtube.com/v/3Xjyh-O3CFs&

http://www.youtube.com/v/hKqipHWAdb8&

http://www.youtube.com/v/xO6y_jaKEFE&

http://www.youtube.com/v/timrVa3lQRA&


Ras Neto Burn

terça-feira, 15 de julho de 2008

Suburbia - Dica de Site

Clique na imagem para ir ao site!

Ras Neto Burn!

O que é software Livre



Método-Grobo Dedição

segunda-feira, 14 de julho de 2008

Se Os Tubarões Fossem Homens

Poema de Bertold Brecht, como narração de Antônio Abujamra, ao som dos The Wailers.


letra:
Se os Tubarões Fossem Homens
Se os tubarões fossem homens, eles fariam construir resistentes caixas do mar, para os peixes pequenos com todos os tipos de alimentos dentro, tanto vegetais, quanto animais.

Eles cuidariam para que as caixas tivessem água sempre renovada e adotariam todas as providências sanitárias, cabíveis se por exemplo um peixinho ferisse a barbatana, imediatamente ele faria uma atadura a fim que não morressem antes do tempo.

Para que os peixinhos não ficassem tristonhos, eles dariam cá e lá uma festa aquática, pois os peixes alegres tem gosto melhor que os tristonhos.

Naturalmente também haveria escolas nas grandes caixas, nessas aulas os peixinhos aprenderiam como nadar para a guela dos tubarões.

Eles aprenderiam, por exemplo a usar a geografia, a fim de encontrar os grandes tubarões, deitados preguiçosamente por aí. aula principal seria naturalmente a formação moral dos peixinhos.

Eles seriam ensinados de que o ato mais grandioso e mais belo é o sacrifício alegre de um peixinho, e que todos eles deveriam acreditar nos tubarões, sobretudo quando esses dizem que velam pelo belo futuro dos peixinhos.

Se encucaria nos peixinhos que esse futuro só estaria garantido se aprendessem a obediência.

Antes de tudo os peixinhos deveriam guardar-se antes de qualquer inclinação baixa, materialista, egoísta e marxista e denunciaria imediatamente aos tubarões se qualquer deles manifestasse essas inclinações.

Se os tubarões fossem homens, eles naturalmente fariam guerra entre sí a fim de conquistar caixas de peixes e peixinhos estrangeiros.

As guerras seriam conduzidas pelos seus próprios peixinhos. Eles ensinariam os peixinhos que entre eles os peixinhos de outros tubarões existem gigantescas diferenças, eles anunciariam que os peixinhos são reconhecidamente mudos e calam nas mais diferentes línguas, sendo assim impossível que entendam um ao outro.

Cada peixinho que na guerra matasse alguns peixinhos inimigos

Da outra língua silenciosos, seria condecorado com uma pequena ordem das algas e receberia o título de herói.

Se os tubarões fossem homens, haveria entre eles naturalmente também uma arte, havia belos quadros, nos quais os dentes dos tubarões seriam pintados em vistosas cores e suas guelas seriam representadas como inocentes parques de recreio, nos quais se poderia brincar magnificamente.

Os teatros do fundo do mar mostrariam como os valorosos peixinhos nadam entusiasmados para as guelas dos tubarões.

A música seria tão bela, tão bela que os peixinhos sob seus acordes, a orquestra na frente entrariam em massa para as guelas dos tubarões sonhadores e possuídos pelos mais agradáveis pensamentos .

Também haveria uma religião ali.

Se os tubarões fossem homens, ela ensinaria essa religião e só na barriga dos tubarões é que começaria verdadeiramente a vida.

Ademais, se os tubarões fossem homens, também acabaria a igualdade que hoje existe entre os peixinhos, alguns deles obteriam cargos e seriam postos acima dos outros.

Os que fossem um pouquinho maiores poderiam inclusive comer os menores, isso só seria agradável aos tubarões pois eles mesmos obteriam assim mais constantemente maiores bocados para devorar e os peixinhos maiores que deteriam os cargos valeriam pela ordem entre os peixinhos para que estes chegassem a ser, professores, oficiais, engenheiro da construção de caixas e assim por diante.

Curto e grosso, só então haveria civilização no mar, se os tubarões fossem homens.

Ras Neto Burn!

sábado, 12 de julho de 2008

Ditado Taulmúdico

"Se eu não for por mim mesmo, quem será por mim?
Se eu for apenas por mim, que serei eu?
Se não agora - quando?"

O Sith

quinta-feira, 10 de julho de 2008

O Manifesto Comunista

Trecho do livro 'O Manifesto Comunista' de Marx e Engels, editado em 1848, apresentado em animação com trechos de vários desenhos clássicos.



Produzido pelo cineasta independente Jesse Drew.

O Sith

domingo, 6 de julho de 2008

Pangrafismos - Poesia Visual



A paraibana Luíza Gunther criou o pangrafismo por volta de 2000. Nessa época, eram panfletos ("folhas-volantes", como ela gosta de chamar) feitos a nanquim em folhas de papel A4 e divididos em 4 pedaços, contendo misturas de palavras e imagens e mostrando pontos de vistas sobre um tema que poderiam ou não ser divergentes entre si e nem sempre expressavam a opinião da artista.

Para se entender uma mensagem, o leitor teria que encontrar os outros pedaços dispersos. Desta forma, Luísa, que também é antropóloga, estimulava a sociabilidade nos espaços públicos da universidade onde estudava, na capital federal; local onde ela iniciou a atividade e cidade onde mora atualmente.



A idéia de sua "guerra semiológica", por fim, evoluiu e se transformou em exposição, que, como tal, já pôde ser vista em outros cantos dos país.



O Sith

sexta-feira, 4 de julho de 2008

Revolução, Palavra de Ordem

Abaixo, palavras de ordem proferidas nos idos de 1968...



"Sejam realistas, exijam o impossível."

"As paredes tem ouvidos, seus ouvidos tem paredes."

"A política passa-se nas ruas."

"A liberdade é a consciência da liberdade."

"A revolução deve ser feita nos homens, antes de ser feita nas coisas."

"Quanto mais amor faço, mais vontade tenho de fazer a revolução. Quanto mais revolução faço, mais vontade tenho de fazer amor."

"Os limites impostos ao prazer excitam o prazer de viver sem limites."

"Todo reformismo se caracteriza pela utopia de sua estratégia, e pelo oportunismo de sua tática."


Modificado de postagem do blog Interpretenções de Vinícius Holanda, sujeito gente-fina e cabeça boa.


O Sith

Band Of Gypsys - "Message To Love (Message To The Universe)"

"Eu viajo na velocidade/
De alguém que renasceu/
Trago um monte de amor pra dar/
Na palma das minhas mãos/

Envio uma mensagem de amor/
Não fuja/
Olhe pro seu coração/
E venha comigo hoje/

Por eu ser o que eu sou, obrigado Senhor!/
Algumas pessoas simplesmente não entendem/
Ajude-os, Senhor/
Encontre a si mesmo primeiro/
E depois suas armas/
Encontre-se primeiro/
Não seja um tolo!.../"



"Eis que vem uma mulher/
Presa em correntes/
Em conflito com um tolo/
Sua vida é de dor/
Se você quiser ser livre/
Venha comigo!/
Não discuta com o homem/
Ele nunca vai entender/
Eu disse: encontre-se primeiro/
E depois seu talento/
Trabalhe duro na sua mente/
Então você poderá viver/
Você deve provar ao homem/
Que é tão forte quanto ele/
Pois aos olhos de Deus/
São apenas duas de Suas crianças."

O Sith

Doutrina do Choque - A Ascensão do Capitalismo do Desastre

Curta para promoção do livro de Naomi Klein, que faz uma relação entre os experimentos em indivíduos com uso de choques elétricos pela CIA, realizados nos anos 50, e a teoria dos "choques econômicos", baseada no pensamento do economista Milton Friedman.


Um filme de Alfonso Cuarón e Naomi Klein

O Sith

quinta-feira, 3 de julho de 2008

José Luís Zagatti e Madalena dos Santos



Paulista da cidade de Guariba, região de Ribeirão Preto, José Luiz Zaggatti resolveu levar junto com sua esposa, Madalena dos Santos, diversão e entretenimento para sua comunidade em Taboão da Serra, na grande São Paulo; dois elementos que de outra forma essas pessoas dificilmente teriam acesso. Com uma máquina de projeção de filmes em 16mm comprada de segunda mão, ele montou em um espaço de sua casa o Mini Cine Tupy, onde exibe filmes em sessões gratuitas (e com direito a pipoca) todos os domingos às 19h.



Os dois nunca procuraram ajuda de nenhuma instituição ou o Governo para manter seu projeto, que já acontece a cerca de dez anos. O único apoio que recebem é da Associação Paulista dos Colecionadores, que lhes fornece filmes novos sempre que pode.

Zagatti teve a idéia, a partir de sua paixão pelo cinema, de ajudar as crianças (e moradores em geral) da periferia onde mora a não perderem sua auto-estima frente a todas as dificuldades que lhes são impostas e, dessa forma, tentar afastá-las da criminalidade.

A história inspirou o cineasta Sérgio Bloch a produzir o documentário 'Mini Cine Tupy':



Documentário na íntegra aqui.


O Sith

Biologia do Fenômeno Social

A guerra não chega, nós a fazemos; a miséria não é um acidente histórico, é obra nossa porque queremos um mundo com as vantagens anti-sociais que trazem consigo a idéia da competência na justificação da acumulação de riqueza, pela geração de servidão sob o pretexto da eficácia produtiva; estamos esmagados pelo excesso populacional porque queremos viver sem nos importarmos com o fato de que nós, seres humanos, temos o direito ao mesmo bem-estar biológico e, portanto, social. Enfim, afirmamos que o indivíduo humano se realiza na defesa competitiva de seus interesses porque queremos viver sem nos importarmos com o fato de que toda individualidade é social, e que só se realiza quando inclui cooperativamente em seus interesses os dos outros seres humanos que a sustentam.

Humberto Maturana Romesin

Trecho de Biología del Fenómeno Social, retirado do site robertexto.com (nos sítios relacionados)

Breve eu posto aqui.

O Sith

Theodor Adorno - Teoria da Semicultura



"A formação cultural agora se converte em uma semiformação socializada, na onipresença do espírito alienado, que, segundo sua gênese e seu sentido, não antecede à formação cultural, mas a sucede. (...) Apesar de toda ilustração e de toda informação que se difunde (e até mesmo com sua ajuda) a semiformação passou a ser a forma dominante da consciência atual, o que exige uma teoria que seja abrangente."

"A cultura se converteu, satisfeita de si mesma, em um valor."

"Nos casos em que a cultura foi entendida como conformar-se à vida real, ela destacou unilateralmente o momento da adaptação, e impediu assim que os homens se educassem uns aos outros. Isso se fez necessário para reforçar a unidade sempre precária da socialização e para colocar fim àquelas explosões desorganizadoras que, conforme é óbvio, se produzem às vezes justamente onde já está estabelecida uma tradição de cultura espiritual autônoma. E a idéia filosófica de formação que a ela corresponderia se dispôs a formar de maneira protetora a existência. Havia um duplo propósito: obter a domesticação do animal homem mediante sua adaptação interpares e resguardar o que lhe vinha da natureza, que se submete à pressão da decrépita ordem criada pelo homem."

"Sem dúvida, na idéia de formação cultural necessariamente se postula a situação de uma humanidade sem status e sem exploração. Quando se denigre na prática dos fins particulares e se rebaixa diante dos que se honram com um trabalho socialmente útil, trai-se a si mesma. Não inocenta por sua ingenuidade, e se faz ideologia. Se na idéia de formação ressoam momentos de finalidade, esses deveriam, em conseqüência, tornar os indivíduos aptos a se afirmarem como racionais numa sociedade racional, como livres numa sociedade livre."

"Quando as teorias socialistas se preocuparam em despertar nos proletários a consciência de si mesmos, o proletariado não se encontrava, de maneira alguma, mais avançado subjetivamente que a burguesia. Não foi por acaso que os socialistas alcançaram sua posição chave na história baseando-se na posição econômica objetiva, e não no contexto espiritual. Os dominantes monopolizaram a formação cultural numa sociedade formalmente vazia. A desumanização implantada pelo processo capitalista de produção negou aos trabalhadores todos os pressupostos para a formação e, acima de tudo, o ócio. As tentativas pedagógicas de remediar a situação se transformaram em caricaturas. Toda a chamada "educação popular" — a escolha dessa expressão demandou muito cuidado — nutriu-se da ilusão de que a formação, por si mesma e isolada, poderia revogar a exclusão do proletariado, que sabemos ser uma realidade socialmente constituída."

"Eles (os sujeitos) estão tão destituídos de liberdade que sua vida conjunta não se articula como verdadeira, pois lhes falta o necessário apoio em si mesmos."

"É possível que a crença no intelecto ou no espírito haja secularizado o teológico, tornando-o algo não essencial, e que a chamada geração jovem a deprecie, mas que o recupere sob outra forma. Onde essa ideologia falta, instala-se uma ideologia pior. O "homem de espírito", expressão hoje tão desacreditada, é um caráter social em extinção. (...) Assim desaparecem os jovens ou compositores que sonhem em ser grandes poetas ou compositores; por isso, digo exagerando, não existem adultos que sejam grandes teóricos da economia, nem, em definitivo, nenhum com verdadeira vocação política."

"A perene sociedade do status absorve os restos da formação e os transforma em símbolos daquele."

Trechos da obra.

Baixe aqui.


O Sith

Os 10 Mandamentos Indígenas

- Permaneça próximo do Grande Espírito
- Mostre grande respeito por seus companheiros
- Mostre assistência e gentileza onde for preciso
- Seja verdadeiro e honesto a todo tempo
- Faça o que acreditar ser o certo
- Cuide do bem-estar da mente e do corpo
- Trate a terra e tudo que habitar nela com respeito
- Assuma total responsabilidade pelos seus atos
- Dedique parte de seus esforços para o bem maior
- Trabalhe junto para o benefício de toda a humanidade

Traduzido de: http://www.geocities.com/Yosemite/Meadows/8796/nativegallery


O Sith

Turismo e Globalização

"O turista procura Cultura porquê - no nosso mundo - a cultura desapareceu no bucho do Espetáculo, a cultura foi destruída e substituída por um shopping ou um talk-show - porquê a nossa educação é nada mais que a preparação para uma vida inteira de trabalho e consumo - porquê nós mesmos cessamos de criar. Embora os turistas pareçam estar fisicamente presentes na Natureza ou na Cultura, na verdade pode-se chamá-los de fantasmas assombrando ruínas, sem nenhuma presença corpórea. Eles não estão lá de verdade, mas sim movem-se por uma paisagem mental, uma abstração ("Natureza", "Cultura"), coletando imagens mais que experiência. Muito freqüentemente suas férias são passadas em meio à miséria de outras pessoas e até somam-se a essa miséria."

"O turista consome diferença."



Texto na íntegra aqui.

O Sith

Living Colour - "Times Up"

"Tempo esgotado!/
Os rios não tem mais vida;/
Tempo esgotado!/
O mundo está cheio de conflito;/
Tempo esgotado!/
O céu está caindo;/
Tempo esgotado!/
O Senhor está chamando./

Como você vai parar o relógio/
Quando as reservas secarem?/
Todos os rios tiverem morrido?/
As florestas e as árvores,/
Os rios e os mares,/
Todos morrem dessa doença./

Momento a momento/
Dia após dia/
O mundo está se extinguindo./

Seu futuro não vai salvar seu passado,/
A chance é agora e não vai durar.../

O tempo é agora,/
Hora de fazer algo ou morrer!/"



"...O tempo não espera ninguém;/
Se você quiser seguir,/
Deixe alguma coisa pra crescer.

O tempo não está do seu lado,/
não fique aí parado;/
Você tem que pelo menos tentar."


Do álbum Time's Up de 1990

O Sith

quarta-feira, 2 de julho de 2008

Dora Nkem Akunyili



Diretora Geral da Agência Nacional para Controle de Alimentos e Medicamentos da Nigéria (NAFDAC, na sigla em inglês) e farmacóloga de formação, Akunyili enfrentou ameaças de morte por seu combate a práticas corruptas na manufatura, importação e exportação de medicamentos, cosméticos e produtos alimentícios. Assumindo seu cargo em abril de 2001, a Dra. Akunyili ganhou respeito nacional por sua persistência na perseguição aos comerciantes ilegais de remédios e na imposição de normas rígidas a empresas transnacionais. Em particular, ela perseguiu fabricantes e importadores de medicamentos falsos, considerados como uma das principais causas de mortes na Nigéria. Produtos hospitalares e medicamentos falsificados avaliados em cerca de US$16 milhões foram confiscados e destruídos pela Dra. Akunyili e sua equipe no processo de salvamento de vidas de milhares de nigerianos inocentes.

Traduzido e adaptado de: http://wikileaks.org/wiki/Dr._Dora_Nkem_Akunyili

Dora já recebeu vários prêmios em reconhecimento por sua luta, entre eles os prêmios de personalidade do ano na África em 2005 e do Serviço Internacional de Direitos Humanos (International Service Human Rights Awards) em 2006, pela defesa destes em seu país.

Alguns documentários também já foram produzidos para contar sua história, dentre eles 'One Woman's War With Fake Drugs' realizado por Olenka Frenkiel para a BBC em 2005. Este documentário já foi exibido algumas vezes pela TV Cultura, sendo a última delas na madrugada de hoje (02/07).

O Sith

Gérson King Combo - Gérson King Combo (1977)



Relação das Faixas:
01. "Mandamentos Black" (Augusto César/Pedrinho/Gérson King Combo)
02. "Just For You" (Mário Corrêa/R.Combo)
03. "Andando nos Trilhos" (R. Combo/Gérson King Combo/Augusto César)
04. "Esse É o Nosso Black Brother" (Augusto César/Pedrinho/Gérson King Combo)
05. "Swing do Rei" (R. Combo)
06. "Hereditariedade" (R. Combo)
07. "Foi um Sonho Só" (R. Combo/Augusto César)
08. "Uma Chance" (R. Combo/Gérson King Combo/Pedrinho)
09. "God Save The King" (R. Combo)
10. "Blows" (R. Combo)

Link


O Sith

segunda-feira, 30 de junho de 2008

Rage Against The Machine - "Renegades Of Funk"

"Desde os tempos pré-históricos e os dias da Grécia Antiga,/ atravessando a Idade Média,/ o planeta Terra seguiu passando por mudanças./E então veio a Renascença e os tempos continuaram a mudar.../Nada seguiu igual, mas sempre houveram os renegados..."



"...Agora os renegados são as pessoas com suas próprias filosofias./Elas mudam o curso da História;/pessoas comuns do dia-a-dia, como eu e você./Nós somos os renegados, somos as pessoas/com nossas próprias filosofias./Nós mudamos o curso da História,/pessoas comuns, como eu e você..."

Do álbum Renegades de 2000

O Sith

domingo, 29 de junho de 2008

O Capital (de Karl Marx) Vol. 1 - Em Quadrinhos

Algumas das conclusões que Marx chegou a respeito da sociedade capitalista apresentadas de maneira simples.

Ilustrado e Comentado por K. Ploeckinger e G. Wolfram.




Baixe aqui.

Créditos pro Deoclécio, sujeito gente-boa que perdeu tempo do seu precioso sono pra botar esse link no ar.


O Sith

Banksy - Wall and Piece

Livro-Manifesto do artista britânico Banksy. Conheça o trabalho do cara...



Link.

Créditos pro blog Desacátis!.


O Sith

Olhar Anárquico Sobre Políticas Públicas

Os partidos políticos brasileiros não têm nenhuma preocupação em trazer a UTOPIA para o quotidiano. Por isso em nome da saúde mental das novas gerações eu reivindico o seguinte:

1 - Transformar as praças* em hortas coletivas & públicas.

2 - Distribuir obras dos poetas brasileiros entre os garotos(as) da Febem, únicos capazes de transformar a violência & angústia de suas almas em música das esferas.

3 - Saunas para o povo.

4 - Construção urgente de mictórios públicos (existem pouquíssimos, o que prova que nossos políticos nunca andam a pé) & espelhos.

5 - Fazer da Onça (pintada, preta & suçuarana) o Totem da nacionalidade. Organizar grupos de Proteção à Onça em seu habitat natural. Devolver as onças que vivem trançadas em zoológicos às florestas. Abertura de inscrições para voluntários que queiram se comunicar telepaticamente com as onças para sabermos de suas reais dificuldades. Desta maneira as onças poderiam passar uma temporada de 2 semanas entre os homens & nesse período poderiam servir de guias & professores na orientação das crianças cegas.

6 - Criação de uma política eficiente & com grande informação ao público em relação aos Discos-Voadores. Formação de grupos de contato & troca de informação. Facilitar relações eróticas entre terrestres & tripulantes dos OVNIS.

7 - Nova orientação dos neurônios através da Gastronomia Combinada & da Respiração.

8 - Distribuição de manuais entre sexólogas(os) explicando por que o coito anal derruba o Kapital.

9 - Banquetes oferecidos à população pela Federação das Indústrias.

10 - Provocar o surgimento da Bossa-Nova Metafísica & do Pornosamba.

O Estado mantém as pessoas ocupadas o tempo integral para que elas NÃO pensem eroticamente, libertariamente. Novalis, o poeta do romantismo alemão que contemplou a Flor Azul, afirmou: "Quem é muito velho para delirar evite reuniões juvenis. Agora é tempo de saturnais literárias. Quanto mais variada a vida tanto melhor".

Trecho do Manifesto Utópico-Ecológico em Defesa da Poesia & do Delírio do Poeta-Xamã Roberto Piva.

* = no original, Praça da Sé. Substituindo-a, pode ser feita em qualquer cidade...

O Sith

Plantados no Chão (E-Book)

Às onze horas do dia 20 de novembro de 2004, dezessete homens armados entraram na fazenda Nova Alegria, no município de Felisburgo, Minas Gerais. Queriam "acertar a contas" com as 130 famílias do Movimento de Trabalhadores Sem-Terra (MST), que estavam há mais de dois anos no acampamento batizado de Terra Prometida. Os sem-terra denunciavam que parte da terra havia sido grilada, e pela lei deveria ser desapropriada. Adriano Chafik – dono da propriedade – e seus homens caminharam até o centro da ocupação e abriram fogo. Mataram cinco sem-terra e feriram quinze.

Três anos se passaram.

As 13 horas do dia 21 de outubro de 2007, quarenta homens armados entraram na fazenda da multinacional Syngenta Seeds, próxima ao Parque Nacional do Iguaçu, em Santa Tereza do Oeste, Paraná. Queriam “acertar as contas” com os líderes das setenta famílias da Via Campesina que montaram ali um acampamento batizado de Terra Livre. Os camponeses denunciavam os experimentos da Syngenta com sementes transgênicas de soja e milho, que feriam uma lei que proíbe tal prática próxima a reservas florestais. Os homens, contratados de uma empresa de segurança privada, entraram na fazenda já atirando. Executaram um líder sem-terra e feriram outros cinco.

O relato dos dois episódios assusta pela semelhança. Mas deveria chamar a atenção, também, pela diferença. São duas histórias distantes no espaço e no tempo, envolvendo atores diferentes e com motivações diferentes. No entanto, como numa novela bem ensaiada, o desenrolar dos acontecimentos é idêntico: as vítimas já haviam sido ameaçadas, as autoridades sabiam do perigo eminente, mas mesmo assim nada foi feito. O desfecho, também, provavelmente será o mesmo. Enquanto matavam mais um sem-terra no campo da Syngenta, Adriano Chafik, réu confesso do massacre de Felisburgo, continuava sem julgamento – e sem previsão para tal.

O livro Plantados no Chão é um grito de indignação contra essa novela. Publicado em junho de 2007, é uma compilação de mais de 180 casos de militantes assassinados nos últimos 4 anos – durante do governo Lula – por causa da sua convicção. É uma tentativa de entender esses assassinatos, buscar estabelecer que padrão eles seguem, por que eles acontecem e perguntar como continuam a ocorrer em um governo que foi eleito com o apoio desses mesmos movimentos sociais. Não são respostas fáceis, e por isso não pretendemos esgotar o assunto, mas iniciar um debate muito necessário.

Cada assassinato político não é a morte de um militante, é um pouco a morte da causa que ele defende. Os assassinatos políticos nos dias de hoje não servem para exterminar uma pessoa, mas para refrear a demanda de um grupo que é representado por essa pessoa. Ao permitir essa rotina de violência, nosso governo permite que a democracia brasileira continue sendo decidida a bala. Não é algo para se orgulhar.

Desde o lançamento, sempre quisemos que o livro fosse disponibilizado na internet para download gratuito. Queríamos desde o começo que o seu conteúdo tivesse mais alcance do que a forma (e o preço) de um livro pode alcançar. Queremos levar esse debate para os mais diferentes cantos possíveis. Por isso, como autora (juntamente com toda a equipe da Conrad) pedimos: baixe o livro, copie, imprima, leia, releia, critique. Afinal, parafraseando a jornalista britância Jan Rocha, autora do prefácio do livro, o assassinato político não é a morte de uma só pessoa; é um golpe contra a esperança – e contra o futuro da nossa democracia.

E o trabalho iniciado com Plantados no Chão não termina por aqui. Em breve estrearemos um blog neste site, onde manteremos os leitores atualizados não apenas em relação aos crimes relatados no livro, mas também abrindo espaço para novas denúncias.

Aproveite o livro e o site, e espalhe a idéia.


Natalia Viana

http://www.conradeditora.com.br/plantadosnochao.html

download: http://www.conradeditora.com.br/hotsite/plantados/download.html

Por: Ras Neto

terça-feira, 24 de junho de 2008

B. Negão & Os Seletores de Frequência - "O Processo É Lento"

Sobre a ciência da persistência...



Do álbum Enxugando Gelo de 2003

O Sith

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Entender o Capitalismo - 'Ilha das Flores' (1989)

Documentário escrito e dirigido por Jorge Furtado. Narração do ator Paulo José.

Parte 1


Parte 2


O Sith

domingo, 22 de junho de 2008

Por Que Usar Software Livre?

Rubens Queiroz de Almeida

Data de Publicação: 16 de Janeiro de 2000

Artigo publicado originalmente na primeira edição da Revista do Linux

Sim, porque usar software livre? Pela simples razão de que nos dias de hoje o computador representa um papel importante, equivalente ao que o lápis e papel desempenhavam alguns anos atrás, para o desempenho da maior parte das profissões. Grande número de empresas fornece computadores a seus funcionários para realizar suas tarefas diárias. A nossa sociedade é extremamente dependente de computadores para seu funcionamento. A enorme fortuna gasta para corrigir os computadores para a virada do milênio é um claro indicador desta dependência.

Pois então, é inconcebível que num mundo tão dependente destas máquinas para seu funcionamento, a maior parte dos programas que regem o seu funcionamento sejam fornecidas por um único fabricante e a preços cada vez maiores. Estima-se hoje que mais de 90% dos computadores pessoais sejam baseados nos sistemas operacionais da Microsoft e em seus aplicativos de produtividade como o conjunto de programas Office. Há alguns anos atrás a IBM pagava U$ 9,00 por cada PC que vendia com o sistema operacional Windows 3.1 instalado. O preço pago nos dias de hoje situa-se por volta de U$ 60,00 por cada PC vendido com Windows 9x instalado (o preço real é U$ 75,00 porém é possível se obter alguns descontos caso o fabricante assine um contrato com a Microsoft concordando com algumas exigências da empresa). Além do alto custo dos programas, muitos fabricantes de computadores temem retaliações por parte da Microsoft caso vendam seus PCs com outros sistemas operacionais pré-instalados. A Compaq, em audiência no processo movido pela empresa Netscape contra a Microsoft alegando práticas monopolistas, revelou documentos internos, datados de 1993, onde admitia estes temores. Imagine os preços que teremos que pagar caso este monopólio cada vez maior realmente se consolide eliminando todas as alternativas hoje existentes?

Como se tudo isto já não bastasse, existem rumores de que os termos de licenciamento de produtos Microsoft irão mudar. Nas bases atuais o usuário ao comprar seu computador adquire o direito de uso por tempo indeterminado. Na nova versão o software não será mais adquirido e sim licenciado em bases anuais, exigindo o pagamento de uma nova licença para o uso continuado. Interessante, não?

Esta dominância quase que absoluta, representa perigos reais. A impossibilidade do acesso a computadores irá representar em futuro muito próximo a marginalização das populações ou países que não tenham os recursos necessários para investimento nesta área. Como cidadãos precisamos garantir a qualquer preço o direito ao acesso à computação e à informação cada vez mais essencial para o desempenho de nossas profissões e à nossa vida. Sem esta garantia sem dúvida alguma nos tornaremos no futuro próximo cidadãos ou países de quinta categoria. Não é sem razão que diversos países no mundo, notadamente na Europa, têm apoiado incondicionalmente o movimento de uso de software livre. Estrategicamente não é recomendável que a situação atual de monopólio evolua para um mundo com ainda menos alternativas.

O governo brasileiro já compreendeu a importância da disseminação da cultura em informática para sua população. Infelizmente o programa nacional de informatização, PROINFO de escolas é todo baseado em software proprietário. O alto investimento em software necessariamente irá limitar o número de alunos contemplados pelo projeto. Mas mesmo no Brasil existem iniciativas inovadoras nesta área. O governo gaúcho está promovendo estudos para adoção em grande escala do Linux, tanto em nível administrativo quanto em suas escolas. Na esfera federal, o SERPRO, já há algum tempo, vem conduzindo estudos sobre o Linux. O governo mexicano lançou um programa nacional de informatização de suas escolas baseado exclusivamente no Linux e em software livre. Este programa objetiva equipar entre 20.000 a 35.000 laboratórios anualmente durante os próximos cinco anos. O preço para equipar estes laboratórios com software Microsoft seria de U$ 124 milhões. Com Linux basta comprar um CD de distribuição, vendido por aproximadamente U$ 50,00. E mesmo este CD pode ser duplicado infinitamente sem quaisquer implicações legais, pois o software é totalmente livre. Mesmo os laboratórios equipados com Windows irão fazer a transição para Linux no futuro próximo.

Além desta iniciativa pioneira do governo mexicano, pode-se encontrar na Internet inúmeros relatos de iniciativas isoladas de educadores que conseguiram criar laboratórios de informática para seus alunos utilizando equipamentos obsoletos, descartados por empresas e pelas próprias escolas em que trabalhavam. Ao passo que os ambientes proprietários requerem computadores cada vez mais poderosos, os softwares de código aberto funcionam de maneira bastante satisfatória em computadores com processador Intel 486 e até mesmo 386.

A informatização do setor educacional, extremamente necessária, se vê frente a uma redução do custo e aumento da potência dos computadores no tocante ao hardware e um aumento significativo no custo do software. O setor educacional nacional possui uma parcela administrada pela iniciativa privada e outra administrada pelo governo federal e estados. As universidades e escolas públicas operam sem cobrar absolutamente nada de seus alunos. Não obstante este propósito nobre e sua importante função social, a maioria dos programas de computadores utilizados por estas instituições, embora com descontos, são pagos. O preço educacional do pacote Office no Brasil é de aproximadamente $ 250,00, ou U$ 125,00, o que é uma quantia significativa levando-se em consideração a condição financeira da maioria das escolas e universidades nacionais. Nos EUA, através de acordos celebrados com algumas universidades, o mesmo software é vendido por U$ 5,00, praticamente o custo de criação do CD. A Microsoft porém exige como contrapartida, em muitos casos, uma exclusividade do uso de seus softwares tanto na administração quanto na área acadêmica, o que pode ser desastroso a longo prazo.

O uso de computadores nas escolas é algo extremamente importante. Existem várias correntes que discutem como e se os computadores devem ser usados na educação. Não gostaria de me intrometer nesta questão polêmica. A minha visão do assunto é bastante simplista. Julgo que o maior valor dos computadores na educação não reside em programas para editar textos, fazer figuras, brincar ou qualquer outra atividade do tipo. O mais importante é a comunicação e o acesso à informação que os computadores nos propiciam. Ligado à Internet o computador, qualquer que seja ele, se transforma numa ferramenta de grande poder, que nos permite entrar em contato com culturas diferentes, pessoas interessantes e virtualmente qualquer tipo de informação. A maior parte de nós certamente já passou pela experiência massacrante de passar por uma escola, por aulas desinteressantes, onde o mais importante é manter a disciplina. A nossa curiosidade natural é sistematicamente eliminada em defesa da abominável disciplina. Disciplina tão destoante das crianças brilhantes, inteligentes e interessadas em aprender que todos nós fomos um dia. Para crianças em idade escolar o constante aprender é tão fundamental quanto respirar. Crianças aprendem o tempo inteiro, mesmo quando não estão na escola.

Infelizmente a nossa cultura tende a julgar que o que vale a pena aprender é o que ensinam na escola, o que não poderia estar mais distante da verdade. O poder dos computadores conectados à Internet na educação é justamente atuar como um portal através do qual a curiosidade e ânsia de aprendizado manifestada por toda criança pode ser atendida. Como conciliar estas necessidades, dentro dos padrões vigentes, com o alto custo de aquisição e configuração de um computador?

Os softwares livres são uma alternativa extremamente viável. Para satisfazer a estas necessidades um obsoleto e talvez abandonado computador 386, com Linux, ferramentas de correio eletrônico e um browser Web simples, todos gratuitos, são mais do que suficientes. Desta forma reduz-se dramaticamente o custo de um computador totalmente configurado. Pelo hardware paga-se pouco ou nada e também o software, de ótima qualidade, está disponível gratuitamente. Lembramos novamente, o importante não é o computador de última geração e dispendioso carregado com softwares vendidos a preços exorbitantes e sim o que podemos obter através dele, a forma através da qual ele pode ampliar as fronteiras de nosso conhecimento. O computador na educação é importante sim, mas apenas como um instrumento. Mais vale investir em dez computadores obsoletos do que em apenas um de última geração. Considerando-se que inúmeras empresas trocam computadores ainda em condição de serem utilizados por outros mais potentes, uma integração empresa e escola pode trazer ganhos significativos à sociedade. As escolas ganham por poder oferecer uma melhor formação a seus alunos e as empresas por sua vez poderão contar no futuro com profissionais mais capacitados, cuja demanda cresce vertiginosamente na sociedade de informação em que vivemos.

Felizmente existe uma esperança em nosso futuro. O movimento pelo software livre teve um impulso sem precedentes nos dois últimos anos. Temos hoje uma batalha, cada vez mais feroz, entre dois campos. De um lado, empresas poderosas criando software proprietário e dispendioso e de outro um grupo enorme de programadores espalhados pelo mundo inteiro, cada um deles dedicando-se a criar e desenvolver software livre.

A ponta mais visível deste movimento singular é o sistema operacional Linux, que veio ao mundo por meio das mãos de Linus Torvalds. Em 1991, Linus, então um estudante de ciência da computação na Finlândia, criou um clone do sistema Minux. O primeiro anúncio do Linux apareceu no forum comp.os.minix, dedicado à discussão do sistema operacional Minix, também semelhante ao Unix, criado por Andréw Tannenbaun, um respeitável professor de ciência da computação. Desde seu aparecimento em 1991, o uso do Linux não para de crescer. Nos dois últimos anos, sua popularidade atingiu níveis nunca esperados. Estima-se que sua base de usuários se situe hoje por volta de 10 milhões. Diversas empresas respeitadas e famosas do mundo da computação como IBM, Dell, Compaq, Oracle, já anunciaram seu suporte e respeito elogioso ao Linux.

A despeito do sucesso estrondoso do Linux, o criador deste movimento foi Richard Stallman. Richard começou o movimento pelo software aberto e livre em 1984, nos primeiros momentos da indústria de computadores, quando começaram a aparecer os primeiros softwares comerciais. Richard era então um pesquisador no MIT e trabalhava na área de inteligência artificial. A tradição dos hackers de então era compartilhar mutuamente seu conhecimento, num ambiente de intensa colaboração. Em determinada ocasião Richard precisou corrigir o driver de uma impressora que não estava funcionando corretamente. Solicitou então, ao fabricante do driver, o código fonte do programa para que pudesse realizar as correções necessárias. Para sua surpresa e indignação, seu pedido foi negado. O fabricante alegou que o código fonte era segredo comercial e não podia ser cedido a terceiros. Richard iniciou então seu esforço gigantesco de criar versões abertas para todas as categorias de software existentes, comercializadas sem acesso ao código fonte. Criou então um compilador C, um editor de textos extremamente poderoso e popular chamado emacs e fundou a Free Software Foundation (FSF). Nos anos que se seguiram a FSF criou os aplicativos utilizados por todos os sistemas semelhantes ao Unix, como Linux e FreeBSD, hoje tão populares.

A maior façanha de Richard Stallman não foi a criação de vários programas poderosos e bem escritos. Escrever programas e disponibilizar o código fonte para quem quer que seja poderia resultar justamente no contrário do que pretendia, a liberdade no uso do software. Afinal de contas, se o código é aberto, o que impede que alguém se utilize deste mesmo código, faça algumas modificações, declare que o programa é proprietário e restrinja o acesso ao código modificado? Para impedir que isto acontecesse, Richard escreveu um documento que estabelece a forma sob a qual programas de código fonte aberto podem ser distribuído. O documento especifica que o programa pode ser usado e modificado por quem quer que seja, desde que as modificações efetuadas sejam também disponibilizadas em código fonte. Ou seja, estes softwares têm um carácter viral, no sentido de que o que quer que seja acrescentado ou modificado, também deve ser aberto e distribuído livremente. Este documento chama-se "Gnu Public License" ou GPL como é mais conhecido.

O Linux somente possui toda esta força e penetração atual devido ao enorme trabalho desenvolvido por Richard Stallman e por um batalhão de outras pessoas. Estas pessoas dedicaram muito de seu tempo criando programas excepcionalmente bons, que junto com o kernel do Linux, propiciaram a milhões de pessoas um ambiente computacional de trabalho excepcionalmente bom e que melhora a cada dia.

O Linux entretanto, na pessoa de seu criador e coordenador, soube melhor aglutinar o imenso potencial de colaboração da Internet em torno de seu projeto. Contribuições são aceitas, testadas e incorporadas ao sistema operacional a uma velocidade nunca vista.

E é justamente este movimento, cada vez mais poderoso, que nos dá grandes esperanças de tornar a computação disponível a um grande universo de pessoas, por inúmeras razões. Em primeiro lugar vem a questão de custo. Por custo entenda-se tanto a questão do software em si quanto a possibilidade de reutilizar computadores já fora de uso. O software é totalmente gratuito e o hardware pode ser obtido a um custo baixo ou nulo, no caso de doações. Além disto podemos contar com a boa vontade e disposição de ajudar de um número incontável de pessoas. O caráter quase que religioso dos adeptos do movimento de software livre garante um excelente suporte para quem precisa de ajuda. Existem espalhados por todo o mundo os chamados LUG, ou Linux User Groups. Em Phoenix, nos EUA, o grupo de usuários Linux promove reuniões mensais para ensinar os conceitos do Linux aos novos usuários. Nestas reuniões mensais os interessados em aprender mais sobre Linux podem trazer seus computadores para serem configurados gratuitamente . Onde já se viu?

Ótimo, então você chegou até aqui. Possivelmente podemos contar com mais um adepto à propagação do uso de software livre. A pergunta agora é: "O que pode ser feito para fortalecer este movimento?". Várias coisas, dependendo da sua habilidade. Se você é um programador, em qualquer linguagem, porque não começar compartilhando aqueles pequenos ou grandes programas que escreveu? Se você não o fizer e ciumentamente guardar o programa para você mesmo, muito em breve ele será inútil ou obsoleto e não servirá para mais nada. Se for compartilhado quem sabe um dia você poderá alcançar a mesma notoriedade e projeção de Linus Torvalds? Nada é impossível. Se você não sabe programar não tem problema. Documente o que sabe. Todos profissionais de informática sabem que uma boa documentação pode vir a ser até mais importante do que o programa em si. Se você não tem tempo para escrever documentos extensos ou complexos não tem problema. Escreva notas curtas ou dicas relatando o que aprendeu, aqueles truques que ajudam a resolver problemas. Participe de listas de discussão (ou crie a sua própria, compartilhando o que você sabe e também aprendendo com os outros. Tudo bem, você não quer fazer nada disto. Não tem problema. Comece a usar software livre. A transição da plataforma Windows para Linux não é algo trivial (embora esteja se tornando cada vez mais fácil com o passar do tempo). Tente usar software livre na plataforma que está acostumado, Windows ou Macintosh, apenas para citar algumas. Por exemplo, use o StarOffice, um conjunto de aplicativos para automação de escritórios disponível gratuitamente para download na Internet. Como o StarOffice possui versões para diversos sistemas operacionais, quando você fizer a transição para um sistema Linux poderá continuar usando os aplicativos com que se familiarizou. Outro exemplo notável é o software GIMP , abreviação de Gnu Image Manipulation Program, usado para tratamento de imagens. Nascido em ambiente Linux, este software possui funcionalidade em muitos pontos equivalente ao Adobe Photoshop. Existe também uma versão adaptada para o ambiente Windows. Então porque não usá-la? Não custa nada.

Lembre-se, o que quer que possamos fazer para contribuir para o movimento de software livre é válido. Comece usando um software livre, qualquer que seja ele. Não precisa mudar para Linux agora. Comece devagar. O importante é compreender que a causa do software livre é válida e importante para seu futuro e do seu país. Compartilhe sua opinião com seus amigos. Peça-lhes para contarem aos seus amigos, e aos amigos dos amigos. Crie uma lista de discussão. Não pense que seu esforço é insignificante. A Internet e a possibilidade de comunicação que nos oferece serve como um amplificador de nossas idéias e convicções como nunca existiu antes. Não se esqueça de que o movimento em prol do software livre se reforça justamente por meio de pessoas que o usam e o julgam de boa qualidade. A maioria dos programadores não obtém ganhos financeiros. O que os gratifica e incentiva a produzirem mais é justamente o reconhecimento de sua competência e seu talento.

O mais difícil entretanto é vencer hábitos profundamente arraigados. Todos nós criamos, com o passar do tempo, uma profunda resistência a mudarmos os nossos hábitos. A argumentação geralmente segue a linha de que se foi tão difícil aprender a usar os programas de computador que possuimos por que deveriamos mudar tudo de uma hora para outra? Novamente, lembre-se de que um mundo sem opções, em qualquer área que seja, em última instância será prejudicial a todos nós. Você se lembra ou já ouviu falar da crise do petróleo? Pois então, o risco que hoje corremos com os programas de computador é semelhante. À medida que o preço dos programas de computadores sobe os reflexos se manifestam em praticamente todos os aspectos de nossa vida. Lembre-se que todos os custos envolvidos no desenvolvimento dos serviços por nós utilizados em nosso dia a dia são pagos por nós. O dentista que usa um computador para manter sua lista de clientes, a empresa que fabrica a televisão que adquirimos, a alimentação que consumimos. Como a nossa sociedade é extremamente informatizada qualquer aumento no custo de manutenção de sistemas informatizadas representa um acréscimo na conta que todos nós, de uma forma ou de outra, temos que pagar.

É proibido então ganhar dinheiro vendendo software? De forma alguma, o que afirmamos é que o software deve ser livre. Sistemas computadorizados são indispensáveis ao funcionamento de diversas empresas. O que ocorre em caso de problemas? A empresa tem que recorrer a quem lhe vendeu o software. Esta empresa pode ou não ter os recursos humanos e a vontade para corrigir o problema imediatamente. O preço cobrado pela manutenção pode ser exorbitante, fora do alcance da empresa. Se o código fosse livre qualquer pessoa capacitada tecnicamente poderia corrigir o problema.

Além do mais, mesmo com software livre é possível se ganhar dinheiro. Apenas para citar o exemplo mais marcante, a empresa RedHat, que comercializa uma das versões mais difundidas do Linux obteve uma valorização fantástica no primeiro dia em que teve suas ações comercializadas na bolsa de valores. Dois de seus proprietários são hoje bilionários (em dólares) devido a esta valorização fantástica. Existem também várias outras empresas e profissionais estabelecidos no mercado que derivam ganhos significativos trabalhando ou fornecendo suporte a software livre.

Mas não se esqueça, não seja um fanático ou um chato. O importante é ser sutil e conquistar novos adeptos de maneira suave e irreversível. Ao invés de criar novos inimigos, crie novos amigos. Afinal de contas quem não é grato por uma informação que nos permita economizar ou obter ganho financeiro. Pois é isto mesmo, o computador e os programas que usamos servem como meio de vida para cada vez mais pessoas. Quem não ficaria agradecido por poder realizar suas tarefas sem ter que gastar com isto?

Está convencido? Então deixe-me contar-lhe onde descobrir software livre. Para o ambiente Linux não existe nada melhor do que os sites Freshmeat e Sourceforge. No Brasil temos o excelente Código Livre.

Como proceder para começar a usar o Linux? O primeiro passo é obter informação sobre o sistema, como funciona, como instalar, como resolver problemas. Um ótimo ponto de partida são os guias Foca Linux. O site Guia do Hardware, oferece diversos tutoriais e também a excelente distribuição Kurumin. Isto é apenas o começo, documentação sobre Linux é o que mais existe na Internet.

Por enquanto é só. Esperamos que o software de uso livre lhe seja útil e proveitoso. Vença seus velhos hábitos e comece a trabalhar por um mundo com alternativas, onde seja possível exercer permanentemente o direito de escolha.


Link Original:http://www.dicas-l.com.br/dicas-l/20000116.php

Por: Método-Grobo Dedição