sexta-feira, 10 de abril de 2009

A Revolução sem Rosto


Luther Blisset foi um dos maiores ídolos do Wartford, um pequeno time inglês (atualmente na segunda divisão), durante as décadas de 70, 80 e 90, onde teve três passagens e alcançou as marcas de maior artilheiro e jogador a mais vezes vestir a camisa do clube. Outro fato marcante de sua carreira foi uma rápida passagem de apenas uma temporada pelo Milan da Itália, onde foi um fracasso.

Luther Blisset também é um pseudônimo coletivo que centenas de Hackers e ativistas pelo mundo passaram a usar desde 1994 com a idéia de promover notícias falsas no intuito de ridicularizar a Mídia de Massa.

Entre essas falsas notícias houve, por exemplo, o caso do desaparecimento do ilusionista inglês Harry Kipper, ocorrido durante um passeio de bicicleta no norte italiano, notícia esta que foi encaminhada a uma rádio de Bolonha. Jornalistas foram então enviados a Londres a fim de buscar informações sobre o fato com o grupo "Amigos de Kipper". Prestes a ir ao ar, os organizadores foram informados pela polícia inglesa que o tal Harry Kipper nunca sequer existira...

O caso foi explicado algum tempo depois pelo "próprio" Luther Blisset:

"Quantos Zé Ninguém e Luther Blissett existem espalhados pelo mundo? Se nosso vizinho de casa desaparece, saberemos "tudo" pela televisão, sem nem a necessidade de olhar pela janela. A mídia de massa nos oferece a medida da nossa existência. Muitos vivem para aparecer, mas somente poucos aparecem para viver. Luther Blissett apareceu desaparecendo. Pode desaparecer uma pessoa que não existe? Principalmente se seu nome for apenas o pseudônimo do suposto ilusionista Harry Kipper, misteriosamente desaparecido? Ser e não aparecer, e quem resolve aparecer atrás de um nome coletivo faz isso para desarrumar as regras do jogo. Se na mídia aparece o rosto de Luther Blissett, este é com certeza mais um falso, pois LB possui rostos demais para ser representado somente por um. Mas acima de tudo porque, se está presente na mídia, então desaparece como LB, isto é, prefere-se a aparência à existência."

Luther Blisset parece sugerir a idéia de nossa impotência diante de algo maior, dos que, mesmo tendo alguma identidade diante de um pequeno grupo, nada significam diante da complexidade em que estamos inseridos. Relacionado a isso, também me parece sinalizar para a mudança de atitude que deve-se ter para enfretar o problema: não há mais espaço para "heróis", ninguém é capaz de fazer uma mudança significativa sozinho.

O coletivo é a diferença,

ou seja; no fim, sempre precisamos ser um...

Talvez os motivos para a escolha do nome não tenham sido exatamente essas, mas é a idéia que me ocorre.

P.S.: "Desarrumar as regras do jogo" - eis um bom objetivo dentro do jogo, já que as regras não jogam a nosso favor e o adversário parece invencível diante de nossos esforços isolados.

Sejamos também Luther Blisset dentro de nossas possibilidades.

O Sith

terça-feira, 7 de abril de 2009

Pré - Conceituar -Se

Introdução

Ano 2009.

Pré - Conceituar - se

Passei há poucos dias por alguns episódios desagradáveis envolvendo uma forma de pré-conceito, o racismo; e isso me fez meditar um pouco mais sobre o tema, quase que imediatamente após o acontecido. Pré-conceito, préconceito, preconceito. Se se perguntar o que é preconceito, instantaneamente acaba por se cometer o pré-conceito; eis como se porta o nosso tema. E ele nos pertence de tal forma que é o maior responsável por todas as pedras que ainda estão de pé nesta nação, e pelas pedras que todos os dias caem. Herdamos dos portugueses, ingleses, franceses, alemães, e demais povos que por aqui passaram e deixaram alguma raiz. O pré-conceito habita todas as ruas em silêncio. Define antes de conhecer. Delimita antes de experimentar percorrer. Aqui, onde português "brasileiro" se fala, ele, o pré-conceito, é amplo como as nossas terras, rico como nossa cultura, e capaz de resistir como os pedreiros que construíram São Paulo resistiram às intempéries enquanto subiam as pedras que deram forma aos arranha céus. O pré-conceito não foi banido, foi aceito, foi firmado, foi ratificado. E não tem mais no racismo seu exemplo mor, enfim, e peculiarmente, se definiu. É outra coisa, mais sutil, mais organizada, uma vez que está em todo lugar e em toda possibilidade de expressão entre classes, entidades, seres, atos; painéis gráficos; entre as diferenças dos modelos automotivos; capacidades de aquisições; hei!, não é verdade que você é o que você consome? Nada entre este céu e esta terra por si só se desfaz, por si só tudo prefere se e a si transformar. eis o conjunto de regras que chamamos de Natureza. Estamos presos ao pré-conceito. É, eu deveria admitir que se trata de algo humano, doloroso, uma carga, um karma, que é a lama que sempre vai estar nos nossos pés. Sou pré-conceituoso, ele é pré-conceituoso, você é pré-conceituoso.

Mas como falei no início deste, andei meditando sobre, logo após o acontecido. E tive de inventar alguma conclusão.

Conclusão:

Não há outra forma de combater o pré-conceito se não pela afirmação de que ele está aqui, em cada um de nós, que ele de certa forma é cada um de nós, e assume todo instante a nossa forma. Em suma, concluí, mesmo que com obviedade, que os múltiplos lados da realidade, ou as várias realidades, ou ainda os vários pontos de vistas, seja qual for a definição, precisam entrar em consenso em relação a alguns temas para que eles realmente sejam banidos. Utopia? Não sei, o que sei é que depois disso consegui algumas horas de sono.


Rei I. t.c.c. Reisujo